A Câmara Municipal de São Leopoldo teve uma sessão histórica, marcada por manifestações e protestos da comunidade negra contra o preconceito racial na cidade, na noite de terça (26/3). Lideranças do Movimento Negro local, estadual e nacional usaram a tribuna popular para cobrar esclarecimentos sobre os freqüentes episódios de discriminação racial, que ocorreram no Município, nos últimos dias. Primeiro, foram os comentários que circularam pela cidade, na mídia e nas redes sociais, que o secretário de Desenvolvimento e Tecnológico, Sandro Cassel teria feito para “retirar os pretos do Carnaval”. Inclusive, foi exibido um vídeo extraído do programa de TV Sambagé, com criticas do apresentador a esse fato. Depois, ocorreu a injúria racial feita ao vereador Brasil Oliveira (PSB), durante sessão ordinária do Legislativo Municipal. Entre os militantes do Movimento Negro, estava um menino negro (filho do maratonista Camões), que foi vítima de racismo na cidade.
Situações como essas tem revoltado a população que luta pela igualdade racial. Isso ficou claro no pronunciamento de Lourdes Concílio Machado, presidente da Ong Anastácia e militante dos Agentes de Pastoral Negros do Brasil (entidade nacional); Ediana Krohn do Movimento Estudantil Kizomba e Pedro Francisco da Silva Filho, secretário estadual da Negritude Socialista Brasileira (NSB). Também ocuparam a tribuna, o tenente coronel, José Nilo Corrêa; o integrante da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos (CCDH) da Assembleia Legislativa do RS, deputado Miki Breier; o representante do Conselho de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra do RS, Luís Carlos de Oliveira e o presidente do Grupo Osù Ddú, Marco Aurélio Bica.
Os vereadores da Bancada do Partido dos Trabalhadores solidarizaram-se ao companheiro Brasil e aos apelos das lideranças do Movimento Negro. Luiz Antônio Castro refrescou a memória do povo, citando a contribuição do povo negro na construção do Brasil e de São Leopoldo (chegaram antes dos alemães e trabalharam na Feitoria do Linho Cânhamo). Carlinhos Fleck reafirmou o compromisso de seu mandato, próximo à ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, em defender a dignidade das pessoas, independente de etnia. Nestor Schwertner manifestou repúdio aos atos de preconceito e discriminação racial. A Bancada do PT avalia que a senhora, autora da injúria racial, foi levada à Câmara por representantes de um movimento político de direita. Segundo os parlamentares, esse movimento político é preconceituoso e de exclusão social. “Essa é a marca do governo Moa do PSDB, que tentou reduzir em 30% os recursos repassados às entidades assistenciais, desamparando os mais pobres. É preconceituoso quando o secretário, Sandro Cassel diz que quer tirar pretos do carnaval. Com a injúria racial feita ao vereador negro, protagonizaram o maior ato racista em São Leopoldo, com a omissão do presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara”, criticou o líder da Bancada do PT, Nestor Schwertner.
Será organizada uma audiência pública proposta, conjuntamente, entre as bancadas do PT e PSB, no dia 22 de abril, às 18h. O pedido foi reforçado pelas lideranças do Movimento Negro, que também querem explicações do governo atual sobre a postura do secretário Sandro Cassel e um posicionamento da OAB e da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal sobre a injúria racista. Eles criticaram que, até o momento, as partes envolvidas não se manifestaram oficialmente sobre os episódios de preconceito racial.
Assessoria de imprensa da Bancada do PT e fotos – Simone M. Ramos, jornalista Mtb 8584
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